Não podíamos deixar de programar o primeiro filme (talvez o último também?) de Madonna. É esta 6ª feira.
Preparem-se para o pior!
O Expresso, depois de dizer que o filme era um desfilar de lugares-comuns perguntava “…qual o sentido disto tudo?”. No Público afirmava-se “…é uma espécie de "filme de fim de curso (sem curso) " cujo único interesse reside na assinatura de quem o dirige e que, sem isso, passaria tão despercebido como as dezenas de outros filmes despejados a trouxe-mouxe nas salas ou lançados sem apelo nem agravo em DVD ao longo de qualquer ano fiscal.” E ainda que “ [o filme] não tem uma história para contar, não tem uma marca de realização, não tem personagens que nos cativem” para concluir que “ não tem, em suma, grandes razões para existir”.
Só o João Lopes foi um pouco mais simpático
“O mínimo que se pode dizer é que o filme contraria todas as insinuações que nele queriam ver (mesmo antes de ver) a ilustração de uma banal "imagem de marca" de Madonna (como se, mesmo nisso, ela alguma vez tivesse sido banal...). Não se trata, nem de longe nem de perto, de um objecto gerado por uma qualquer lógica de marketing. É mesmo um filme que, através da sua teia de personagens em estado de orfandade simbólica ou social, nos convoca para uma reflexão centrada na dicotomia sugerida pelo título — curiosamente traduzida pelos franceses por "Obscenidade e virtude". Para já, sublinhemos que o principal mensageiro desse estado de coisas é o exuberante Eugene Hutz, vocalista dos Gogol Bordello, um caso raro de energia física e subtileza dramática
Veremos. Ela merece. Digo eu.
Dia 20
Sujidade e Sabedoria
Título original: Filth and Wisdom
De: Madonna
Com: Ade, Gogol Bordello, Olegar Fedoro
Género: Comédia, Drama, Musical
Classificacao: M/16
GB, 2008, Cores, 81 min.
Três amigos dividem uma casa em Londres. Cada um deles sonha com o estrelato: A.K. é um imigrante acabado de chegar da Ucrânia que se considera sábio e filósofo e anseia tornar-se uma estrela com a sua banda de punk cigano, e que vai subsistindo com as suas interpretações travestis para homens casados; Juliette sonha partir para África, numa missão humanitária, mas entretanto trabalha numa drogaria da zona; Holly é bailarina profissional e o seu grande sonho é dançar no Royal Ballet, mas por agora treina-se como "stripper" no Beechman's Exotic Gentleman's Club.
PÚBLICO
18-9-2009
Por: Vasco Câmara (PÚBLICO)
Sujidade e Sabedoria
É, se quisermos, Madonna a explicar a sua "história" (sem pedir desculpas a ninguém, ao menos isso) com aquela prosápia audiovisual que deflagra como fogo-de-artifício – espectacular, mas tão breve que quando acaba procuramos o que restou e não há vestígios. Nesta confissão de que o caminho da sabedoria passa pela sujidade, em que Madonna utiliza o punk-rocker ucraniano Eugene Hutz como seu alter-ego, ouve-se "Erotica", lembramo-nos das fotografias do livro "Sex", com o cortejo de sadomasoquismo, fetichismo e exibicionismo, e podemos concluir: ah, trata-se de uma mundivisão, o mundo é um bordel! Nada contra, Madonna até costuma (va) ser divertida nas suas patifarias insolentes. "Sujidade e Sabedoria" é, de facto, feito à sua imagem: sem vestígios de relação intrínseca, sensual, com planos, montagem e personagens, coisas propriamente cinematográficas de que não há aqui consciência alguma, porque a "história" de Madonna - a sua sabedoria - é outra, é a dos videoclips e espectáculos. De que "Sujidade e Sabedoria" é um "ersatz".
10-9-2009
Por: Jorge Mourinha (PÚBLICO)
Sujidade e Sabedoria
grandes razões para existir. É só Madonna a ver se consegue fazer um filme – e, respondida afirmativamente a pergunta, siga para a próxima aventura.
João Lopes in
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